Fui ver ontem o filme Tabu. Tinha assistido ao trailer e ficado com vontade mas, foi meio que a falta de outras opções no horário, o que me levou até o cinema, talvez tivesse passado batido, o que seria uma grande pena.
Co-produção portuguesa, alemã, brasileira e francesa, teve estreia mundial na 62ª Berlinale (Festival Internacional de Cinema de Berlim), onde é contemplado com o prêmio Alfred Bauer (Alfred-Bauer-Preis), destinado a obras inovadoras, e com o prêmio FIPRESCI da crítica internacional para o melhor filme em competição.
Na sua estreia em Portugal, a 5 de Abril de 2012, foi exibido em nove salas nos distritos de Lisboa, Coimbra e Porto. Terá garantida, desde Berlim, distribuição em dezassete países. Fará mais de três mil espectadores nos primeiros quatro dias de exibição, o que é invulgar em Portugal com filmes portugueses de autor, dando um sinal das suas potencialidades na distribuição internacional, com a particularidade de se tratar de um filme de características não comerciais.
O filme foi lançado nos Estados Unidos, com estreia em Nova Iorque, a 26 de dezembro de 2012 no Film Forum, uma das seis “art cinemas” de Manhattan. Será o quinto filme português com estreia comercial nessa cidade, depois do documentário de Bruno de Almeida sobre Amália Rodrigues, A Arte de Amália (The Art of Amália), Cinema Quad ano 2000, O Fantasma de João Pedro Rodrigues, IFC Center ano 2003 e, em 2011, O Estranho Caso de Angélica de Manoel de Oliveira, IFC Center, e Brumas de Ricardo Costa, no Quad. Em relação a todos os antecedentes, será o filme português com maior projecção internacional.
Não vi o Tabu de Murnau mas agora fiquei com vontade. O Tabu português em preto e branco é uma história de amor e loucura, de loucuras de amor, que de tão fantástica, só pode ser verdadeira.
Uma senhora, chic e decadente, (des)espera numa Lisboa solitária, a filha distante no Canadá, a empregada e a vizinha. Em seus devaneios, quer viver seus sonhos, mas esses não têm nada do que comumente pensamos ao invocar essa expressão.
Os sonhos da senhora são trágicos, intrincados, fantásticos, passionais e precisos, extremamente precisos, como num conto de realismo fantástico.
Tive uma saudade instantânea, quase um ímpeto de reler Garcia Marquez…Cem anos de solidão, de saber da meninas que comia parede, que carregava um saco de ossos… afinal, a loucura, assim como o pensamento, é um lugar onde coisas acontecem numa outra dimensão.
A velha África, ancestral e selvagem serve como pretexto para a insanidade da magia e a bestialidade do animal homem, uma evocação mas também um resgate de uma memória de quando éramos outra coisa.