O espetácula La Veritá, estreou ontem em São Paulo.
A brasileira Beatriz Sayad, maravilhosa palhaça, costura o espetáculo com textos em português.
Fui ver sem muita expectativa e nenhuma informação, sabia que era baseado em obras de Salvador Dalí e que misturava dança, teatro e acrobacias.
Confesso que tenho um pé atraz com essa receita porque detesto excesso de informação estética mas na última hora recebi um chamado de urgência da voz interior e tchau, fui!
Sobe o pano, uma imagem de Salvador Dalí toma a cena , um palhaço vestido meio de Einstein falando com sotaque ao qual se segue uma cena meio de dança, com plumas à la Moullin Rouge… ahh… será?
De repente, números de equilibrio, malabares, acrobacias e sim: palhaçadas! Tudo muito bom!
La Veritá é um espetáculo circence clássico com uma roupagem moderna, bonita, figurino acertado e iluminação poética.
Tem momentos de frio na barriga, de admiração extrema, como na hora que o contorcionista da um grio de 360º na própria coluna e de lirismo quase pueril quando por exemplo, mostra o tema musical, fio condutor da apresentação tocado por uma moça linda com uma orquestra de COPOS de cristal! Que saudade, tinha até esquecido que existia isso.
Gostei, muito.
Todo mundo aplaudindo, feliz, em cena aberta e bastante ao final com um sentimento de alegria e leveza que o circo e seus artistas do mundo todo, com formação completa, todos cantam, dançam , além de habilidades específicas, nos inspiram.
Conversas entre amigos e todos curiosos com a vida, o cotidiano no circo… a magia.
E como na vida, assim como na arte existem coisas que de tão surpreendentes só podem ser verdade, fico sabendo hoje, no dia seguinte que a tal pintura é uma obra verdadeira de Salvador Dalí, desaparecida por quase seis décadas, foi redescoberta em 2010 e dada ao diretor ítalo suiço Finzi Pasca, diretor da companhia de mesmo nome para que criasse uma peça inédita.
Fico surpresa e feliz questinando: quem sabe a outra parte do enredo, um leilão imaginário da tela para arrecadar fundos para a construção de um asilo para artistas circenses decrépitos, também não se torna verdade? Afinal, como o palhaço diz, graças a Deus sem aquela melancolia pesada: ” tá cheeiooo por aí”
Acho que eles mercem uma velhice feliz e amparada depois de tanta alegria proporcionada.
Vai lá, programa BEM legal!