Multiartista, Mariano Fortuny influenciou e foi influenciado por Veneza
Trata-se do Palazzo Fortuny, antiga residência e ateliê do multiartista Mariano Fortuny y Madrazo. Embora os venezianos considerem-no uma instituição local, Fortuny era, na verdade, um gênio isolado na sua Granada natal. Oriundo de uma família criativa, ele andou pela Europa experimentando setores tão distintos da arte como a música de Richard Wagner, a pintura, a gravação, a fotografia e até a iluminação para teatro. Período no qual legou-nos sua famosa luminária em formato de guarda-chuva, sempre utilizada por Andrée Putman. Objeto de desejo nos ambientes modernos mais descolados.
Na casa, hoje transformada em museu, as luminárias são coadjuvantes para aqueles que transformaram Fortuny num nome conhecido internacionalmente: tecidos. Apaixonado pela estética greco-romana, Fortuny e sua mulher Henriette Negrin, com quem se casou em Paris, experimentaram com seda e veludo técnicas de plissado, estamparia, desenhos e tramas.
Não seria errado dizer, inclusive, que o casal foi a semente do “Pleats Please”, de Issey Miyake. Já que a modelagem simples é condição essencial na utilização de tecidos plissados, as roupas criadas entre 1906 a 1948 guardam uma modernidade clássica e atual.
Veneza sempre foi um local de comércio e passagem com uma luz indescritível e atmosfera de arte. Mariano Fortuny, Peter Greenaway, Issey Miyake, Wagner… talento, excelência, experimentalismo e vanguarda guardam entre si outro aspecto da cidade: as pontes. Impossível catalogar em apenas uma profissão almas criativas desses naipes em busca de expressão. O nome correto é artista.